Viveiro de camarão: descubra como deve ser realizado o processo de manejo!

Ingressar no ramo da carcinicultura é uma opção rentável e vantajosa até mesmo para os pequenos produtores. No Brasil, a região nordeste ocupa posição de destaque concentrando praticamente toda a produção nacional de camarão. 

No entanto, a construção de um viveiro de camarão em outras regiões do país é possível  a partir da utilização das novas tecnologias e do cultivo em água doce do Camarão da Malásia, ou a utilização de espécies marinhas resistentes à água doce, como o Camarão Cinza. 

A possibilidade da expansão da carcinicultura em locais distantes do litoral, o aumento da demanda, principalmente pelos hotéis e restaurantes, e o lucro elevado são alguns dos atrativos para o investimento em um viveiro de camarão.

Então, se você está interessado em conhecer mais sobre como construir um viveiro de camarão, preparamos este artigo com explicações sobre como funciona os processos de manejo da carcinicultura.

  1. Estrutura do viveiro de camarão 

Como falamos anteriormente, a produção de camarão em cativeiro tem potencial para se difundir em regiões não litorâneas. Porém, para um viveiro de camarão de sucesso, é preciso que o local de escolha possua algumas características essenciais, tais como: 

  • Qualidade de água: O produtor pode construir seus viveiros em água do mar, de represas, lagos, tanques e barragens. Independente da escolha, a qualidade da água é o fator-chave;
  • Temperatura da água: A temperatura ideal para os camarões deve estar entre 28 a 30 °C. Em locais de grande variação térmica, ou invernos mais rigorosos, o uso de aquecedores pode ser necessário;
  • Qualidade do solo: Assim como a água, a qualidade do solo também deve ser avaliada e corrigida para um viveiro de qualidade;
  • Aspectos logísticos: O local de escolha para a construção do viveiro de camarão também deve ser pensado em relação a questões logísticas de aquisição de matéria-prima, fornecimento de larvas e escoamento para o mercado.

Os viveiros são construídos de maneira a reproduzir o habitat dos camarões. As características de viveiro e sistemas de produção são dependentes do objetivo da carcinicultura.  De modo geral, se seu propósito é produção de camarão para fins comerciais, recomenda-se a construção de viveiros com área mínima de 1000 metros quadrados.

  1. Cuidados anteriores ao povoamento 

O manejo dos viveiros de camarão inicia antes mesmo da chegada dos animais. O primeiro passo é avaliar e corrigir a qualidade do solo, em especial, o pH.  O pH do solo deve ser levemente alcalino, entre 7,0 e 8,0. Valores abaixo de 7,0 indicam um solo ácido, nessas ocasiões é necessário a correção do pH utilizando calcário.  

Em seguida é realizado o abastecimento não completo do viveiro e sua fertilização. Fertilizar o viveiro antes do povoamento  promove o crescimento de organismos aquáticos que são alimentos naturais para os camarões. Neste sentido, a fertilização permite que o produtor reduza custos com a suplementação de ração. 

A fertilização do viveiro deve ser feita com bastante atenção. O uso dos fertilizantes em excesso poderá promover o aparecimento de microrganismos indesejáveis, o que pode causar um desequilíbrio no viveiro.

  1. Recebendo as larvas 

As etapas que envolvem as pós-larvas são as de maior atenção nesta cadeia produtiva. Ao se obter as pós larvas de laboratórios especializados, é preciso garantir que os animais estão livres de doenças de importância econômica. 

As pós-larvas devem passar por um período de aclimatização a fim de minimizar o estresse proveniente das alterações drásticas entre o ambiente de laboratório e os viveiros.  Nesta etapa as pós larvas irão se adaptar ao novo ambiente pela alteração gradativa de parâmetros como salinidade, temperatura e pH.

A maneira mais eficaz de se garantir a sobrevivência do pós-larva é realizar a aclimatização através de berçários. Desta forma, o controle do crescimento e qualidade dos animais é mais rígido. Após 10 a 15 dias, os camarões estão aptos a serem levados aos tanques de engorda.

  1. Alimentação 

Se você está construindo um viveiro de camarão com o intuito da produção comercial, deve suplementar a alimentação dos animais com rações industrializadas com constituição balanceada para a engorda dos camarões.

O tempo para engorda será relativo ao tamanho desejado de venda. Camarões com peso médio de cerca de 11 gramas já podem ser comercializados, esse patamar é atingido entre 70 a 100 dias de cultivo. 

O tipo de ração industrializada irá depender do tamanho do animal. Inicialmente é recomendado a utilização de rações com até 40% de proteína bruta, essa proporção vai diminuindo de acordo com o crescimento do camarão até atingir cerca de 30 – 35%. Da mesma forma, a quantidade de ração necessária também apresenta variação de acordo com a fase do animal. Inicialmente é empregado 15-30% da biomassa, essa quantidade será reduzida gradualmente até 2 a 3% da biomassa.

O fornecimento da ração no viveiro de camarão deve ser realizado em pequenas quantidades duas a três vezes ao dia e de forma homogênea em todo o viveiro, isso se faz necessário para evitar competição entre os animais ou perda de ração. 

A quantidade de ração utilizada por viveiro deve ser sempre registrada. Esses dados são importantes para a avaliação de ajustes na ração e para o cálculo de conversão alimentar após o despescamento. Na conversão alimentar é feita a relação entre o peso total da ração utilizada e o peso total de camarão produzido.  

  1. Biometria 

O crescimento dos camarões é acompanhado por meio da biometria. Para isso, 100 animais são coletados em três diferentes pontos do viveiro de camarão. Na biometria são averiguados as características como peso médio, uniformidade de tamanho, porcentagem de animais mortos, porcentagem de animais em fase de muda e outros. Todos esses resultados fornecem dados essenciais para o ajuste e supervisão do manejo. 

  1. Monitorização diária do viveiro de camarão

O acompanhamento da qualidade do viveiro é uma atividade diária. Em relação às variáveis mais importantes a serem monitoradas podemos destacar: temperatura, pH, salinidade, sólidos em suspensão, oxigênio dissolvido na água, nitrato e outros.  

A monitorização é importante para guiar as decisões no manejo. Valores fora do adequados pode resultar em baixa produtividade, desta forma, providências corretas como reajuste na alimentação, troca parcial da água e outros devem ser tomadas o quanto antes.

A monitorização é realizada por kits de análise de água e equipamentos portáteis  como termômetro, aparelho de medição de pH, refratômetro, metrô e outros. 

  1. Despesca 

Quando os camarões atingem o tamanho comercial desejado é realizada a despesa. A despesca ocorre com o esvaziamento dos tanques do viveiro de camarão e captura dos animais por meio de redes na saída de água. Após a captura, os animais devem seguir diretamente para choque térmico em imersão em água e gelo, dessa forma os animais são mortos mantendo as características de sua carne. 

Após a despesca o viveiro deve ser completamente seco e sua qualidade reavaliada, como explicamos no primeiro tópico.

Conclusão 

A criação de camarões em cativeiro é uma atividade econômica que pode trazer altos lucros para os pequenos e grandes produtores. Para o sucesso de seu cultivo é necessário que o produtor preze sempre pela qualidade no manejo dos crustáceos.

Qualidade que se inicia com a escolha de pós-larvas resistentes, utilização de boas  rações e fertilizantes, e monitorização constante dos viveiros e dos animais. E se você está procurando por produtos e equipamentos de qualidade, venha conferir em nosso e-commerce as melhores opções para seu cultivo. 

Deixe um comentário