O sucesso da sua produção de camarão irá depender diretamente da qualidade de seus animais, equipamentos, insumos e manejo. O manejo incorreto poderá custar caro ao produtor, principalmente quanto a possibilidade de propagação de doenças.
As enfermidades que afetam os camarões geram um forte impacto econômico. Um dos principais exemplos é a Doença da Mancha Branca, que desde seu descobrimento já foram mais de 21 bilhões de dólares em danos econômicos em todo mundo.
Desta forma, medidas rígidas de biossegurança devem ser empregadas para uma produção eficiente, com utilização de recursos naturais de modo responsável, controle de enfermidade e garantia da segurança alimentar.
Pensando nisso, criamos este conteúdo para esclarecer melhor alguns exemplos de boas práticas de biossegurança para você implantar no seu viveiro de camarão.
Por que aplicar medidas de biossegurança?
As medidas de biossegurança são práticas e protocolos com a finalidade de uma produção sustentável com a geração de animais de qualidade e sem riscos à saúde humana. Com isso, um dos pilares da biossegurança é a prevenção e o controle de enfermidades dos camarões.
Assim como qualquer outro animal, os camarões também são propensos a doenças. Para que uma enfermidade possa se manifestar é necessário que o agente causador esteja presente no meio e que os animais estão com o sistema imunológico frágil. Estas doenças podem ser resultado de um manejo não adequado, favorecendo a multiplicação de organismos indesejados e oportunistas.
Podemos classificar as doenças que acometem os camarões como doenças infecciosas e doenças não infecciosas. As enfermidades do primeiro tipo são aquelas causadas por algum patógeno como vírus, fungos ou bactérias. Já as doenças não infecciosas são causadas por alterações no ambiente como presença de substâncias tóxicas e condições desfavoráveis no ambiente de cultivo.
Medidas de Biossegurança
Como explicamos anteriormente, as medidas de biossegurança contam com ações preventivas e corretivas para o controle das enfermidades. Dentre as principais medidas, podemos citar:
- Aquisição de pós larvas de qualidade
Uma das atitudes mais importantes de biossegurança é aquisição de pós larvas provenientes de laboratórios de qualidade. As pós larvas devem estar livre de doenças de impacto econômico. Há a possibilidade da aquisição de variantes de pós larvas resistentes a doenças, no entanto, estas são comercializadas apenas por laboratórios especializados.
- Transporte e aclimatação das pós-larvas
O transporte das pós larvas dos laboratórios para as fazendas devem seguir um rígido protocolo de segurança. As características de transporte devem ser aplicadas de acordo com o tempo de viagem.
A temperatura é um dos principais exemplos, em viagens longas é recomendado o transporte em temperaturas mais baixas a fim de reduzir o metabolismo animal. Além deste, outros parâmetros a serem considerados são a densidade de animais por transporte e fornecimento de alimentação.
Ao chegar nas fazendas, as pós larvas devem passar pelo processo de climatização para reduzir o estresse causado por uma alteração brusca de meio. A forma mais segura de se realizar a climatização é por meio dos berçários.
Os berçários devem ter sua água tratada, constituição iônica acompanhada e devem ser limpos e sanitizados após a última despesca.
- Cuidados com os viveiros de engorda
O principal cuidado a ser tomado nos viveiros de engorda é em relação ao acúmulo de matéria orgânica.
O excesso de matéria orgânica proveniente de restos de ração ou fezes dos animais promove a diminuição do oxigênio dissolvido e favorecimento do crescimento de patógenos oportunistas, como as bactérias do gênero Vibrio.
Logo, o controle na quantidade de ração fornecida aos viveiros é fundamental para reduzir a matéria orgânica. Além disto, uma forma de controlar a matéria orgânica gerada é com a utilização contínua de probióticos específicos para esta finalidade.
A desinfecção do viveiro também é uma prática que deve ser bem executada, especialmente após a identificação de doenças. Inicialmente é feita a limpeza do viveiro com a remoção e descarte dos resíduos orgânicos. Em seguida, o viveiro é desinfectado utilizando cal seca ou cal hidratada. Também é realizada a desinfecção com solução clorada de todos os equipamentos e utensílios do manejo, tais como as bandejas de alimentação, telas de filtragens, caiaques, remos, tarrafa e locais estratégicos do viveiro.
- Avaliação da saúde dos camarões
No contexto da biossegurança, a biometria é fundamental para a identificação de enfermidades e a tomada de decisão precoce quanto às medidas cabíveis.
Durante a biometria, os animais coletados em diferentes pontos do viveiro serão submetidos a uma inspeção em busca de sinais (como necrose, deformações e outros) que possam indicar patologias de importância comercial.
Quando identificado alguma doença, o produtor deve agir quanto antes com a adoção de medidas de controle da disseminação entre os animais. Entre elas, não recircular água entre os viveiros, despesca emergenciais caso necessário, restringir acesso entre as fazendas e notificar o surto aos órgãos competentes. É preciso estar atento que a Organização Mundial da Saúde Animal possui uma lista de enfermidades que devem ser notificadas.
- Probióticos, prebióticos e antibióticos
O impacto econômico que as enfermidades causam na produção de camarão pode ser devastador. Portanto, ações de biossegurança devem fazer parte da rotina de sua fazenda.
Até o momento falamos como o manejo incorreto pode resultar no aparecimento de doenças. Mas existe um outro fator que também tem papel importantíssimo no desenvolvimento de enfermidades, o sistema imunológico do camarão.
Animais saudáveis são mais resistentes a doenças, e nesse contexto, a utilização de alimentos funcionais como os probióticos e prebióticos atuam fortalecendo o organismo dos camarões.
- Probióticos na alimentação: os probióticos são microorganismos vivos e benéficos aos camarões. Eles possuem diversas ações, entre elas auxiliam na absorção de alimentos e diminuem a presença de bactérias patogênicas, fortalecem o sistema imunológico e melhoram a qualidade do ambiente de maneira geral;
- Prebióticos: os prebióticos são compostos não digeridos pelos animais, mas que podem promover benefícios em sua microbiota intestinal. Entre eles, inibem a presença de bactérias indesejáveis.
O uso de antibióticos na carcinicultura deve ser feito apenas em situações específicas. É preciso compreender que antibiótico não é solução para todos os tipos de doenças e seu uso indiscriminado poderá causar mais danos que benefícios. Em especial, o risco do surgimento de bactérias resistentes aos medicamentos empregados, causar toxicidade nos animais e reações alérgicas nos consumidores.
- Outras medidas de biossegurança
Além das medidas com foco no viveiro, os protocolos de biossegurança também devem ser aplicados em outras partes da empresa, bem como serem seguidos por todos profissionais atuantes.
Em especial, podemos citar medidas como a exigência do uso de equipamentos de proteção individual (botas, luvas, máscaras, óculos e uniforme), implantação de procedimento de higienização correta, controle de acesso de visitantes e veículos, controle de pragas e descarte responsável do lixo.
Além do mais, o registro e arquivamento de todos os documentos referentes à origem dos animais, protocolo de alimentação, dados de biometria, desinfecção e manejo sanitário são fundamentais para o controle a longo prazo.
Conclusão
O sucesso e lucratividade de seu viveiro estão diretamente relacionados com a qualidade do camarão produzido. Para isto, biossegurança no cultivo de camarão é uma prática que deve estar sempre no centro das tomadas de decisões do produtor.
Essas práticas são necessárias para a garantia de qualidade e segurança no consumo desses animais.Neste artigo exploramos alguns dos principais aspectos das boas práticas de biossegurança na carcinicultura. E se seu foco é qualidade, confira nosso e-commerce com os melhores produtos para o seu viveiro.
