A criação de camarão em cativeiro, ou carcinicultura, como também é conhecida, é um negócio bastante rentável que movimenta boa parte da economia das regiões litorâneas brasileiras e consiste no cultivo de camarão, tanto na água do mar como na água doce.
Atualmente, existe uma alta preocupação e procura por alimentos ricos em nutrientes, saudáveis e acessíveis, agregando um valor interessante ao crustáceo e torna essa atividade ainda mais atraente enquanto negócio para pequenos ou grandes produtores.
Inclusive, hoje, com a possibilidade de cultivar esses animais em ambientes de água doce e com o clima favorável que o Brasil oferece, a atividade tem se expandido por outras regiões do país para além das áreas litorâneas.
Por esses motivos, a iAqua preparou esse material sobre as principais vantagens e algumas dicas para quem deseja começar ou já faz o cultivo do crustáceo.
Afinal, quais as vantagens da criação de camarão?
Esse ramo específico da aquicultura possui um excelente potencial de crescimento no mercado brasileiro, já que comparado ao resto do mundo, o consumo per capita de camarão ainda é pequeno aqui e o país dispõe de excelentes condições climáticas e estruturais para desenvolvimento dessa atividade.
Entre as principais vantagens do cultivo de camarão está o retorno financeiro, pois essa atividade está entre uma das formas de negócio mais lucrativas.
E esse retorno costuma vir relativamente rápido, visto que, seguindo as recomendações de especialistas e cuidando para que a criação seja um sucesso, é possível realizar uma despesca seletiva já a partir dos 4 meses de atividade e, após 6 meses, já é possível realizar a pesca total para finalmente começar a comercialização da produção.
Outra vantagem é que a criação não precisa ser exclusiva, ou seja, é possível criar camarões e peixes simultaneamente por meio do policultivo, já que esses animais conseguem conviver com algumas espécies de peixes que não são carnívoras ou com peixes ornamentais sem grandes problemas, abrindo uma possibilidade de aumento da rentabilidade para o produtor.
Somado a isso, é uma atividade que não depende da chuva para dar certo, afinal pode ser desenvolvida em vários ambientes, seja na água do mar ou na água doce.
E vale ainda ressaltar que a carcinicultura gera boas oportunidades de emprego nas comunidades e costuma trazer melhorias econômicas para as regiões em que se instala.
Saiba como dar o primeiro passo…
O primeiro passo para iniciar uma produção como essa é a regularização e, para isso, você deve solicitar um registro de aquicultor ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
Para obtenção do registro você deve atender uma série de exigências, entre elas possuir outorga do uso do recurso hídrico e uma licença ambiental.
Outra medida que pode ser tomada é acompanhar as novidades relacionadas ao mercado de carcinicultura acompanhando a Associação Brasileira de Criadores de Camarão no Brasil (ABCC) e, se possível, comparecer à Feira Nacional do Camarão (FENACAM), um evento organizado pela própria associação.
Também é interessante que você tenha um mínimo de conhecimento a respeito do camarão, do tipo de alimentação, do seu ciclo de vida e de quais as melhores condições de vida para o crustáceo.
Inclusive, há uma série de materiais e cursos disponíveis na internet para quem deseja aprender mais sobre o assunto.
Os camarões são animais onívoros, ou seja, alimentam-se de outros animais e de vegetais e isso permite que você varie a alimentação deles, podendo oferecer esses alimentos ou a opção mais recomendada para o desenvolvimento que seria ração peletizada ou extrusada de boa densidade.
Outro ponto a se considerar é que, como o processo de criação da larvicultura é complexo e necessita de um investimento maior, recomenda-se a obtenção dos animais já na fase pós-larva, com aproximadamente 1 cm e providenciar condições adequadas para o transporte dos bichos até os tanques de recria.
E, com relação aos investimentos, é válido lembrar que você precisará adquirir alguns itens e entre os principais equipamentos necessários estão:
- Disco de Secchi (utilizado para medir a transparência da água);
- Termômetro (para medir a temperatura da água);
- Oxímetro (ou kits para análise química do oxigênio dissolvido);
- pHmetro (para medição do pH da água);
- Aeradores (manuais ou automáticos);
- Bandejas (para distribuir as rações);
- Redes de pesca (utilizadas para fazer a despesca);
- Tarrafas (usadas na biometria, para acompanhar o desenvolvimento em peso e comprimento dos crustáceos);
- Redes de proteção;
- Bombas de água;
- Freezer (para armazenar os crustáceos);
- Balanças;
- Caixas de fibrocimento;
Somados a esses objetos, algumas outras coisas podem facilitar bastante as suas atividades, como carrinhos de mão para transportar materiais, foices, pás, picaretas, veículos para distribuição, transporte e entrega dos produtos, uma oficina, galpão para estocagem e manuseio de medicamentos, ração e demais produtos, etc.
E, assim como na criação de peixes, os camarões de água doce também são criados em tanques, geralmente como piscinas, com água potável e são abastecidos através de bombas de água.
Ou seja, faz-se fundamental uma rede elétrica no lugar, ainda que a atividade seja realizada em áreas rurais.
Os tanques dos animais precisam passar por manutenção e devem estar ligados a um encanamento que possibilite a saída dos dejetos.
Além disso, para que sejam lucrativos, o ideal é que os mesmos possuam a capacidade de suportar até 12 camarões por metro quadrado e o tamanho total da estrutura varie de acordo com o volume da produção.
Um outro ponto importante é que os animais precisam estar em um ambiente iluminado, seja por luz natural ou artificial, em áreas cobertas ou ao ar livre.
Ademais, para o sucesso da criação, é imprescindível que o viveiro seja construído com uma compactação do fundo, sem poças e com um declive de 5% a favor da drenagem e para a retirada dos camarões ao final do cultivo, é preciso que o mesmo seja completamente drenado.
Principais cuidados para se ter na criação de camarão
Para garantir a longevidade do seu viveiro, é preciso criar os animais em água limpa, abundante e que seja trocada com uma frequência razoável.
Como citado anteriormente, é interessante que a estrutura tenha capacidade para até 12 camarões por metro quadrado, já que um valor mais alto que esse número inviabiliza o controle de qualidade do crustáceo e dificulta bastante a limpeza do espaço.
É fundamental que haja a renovação da água e a drenagem adequada nos tanques e que esses viveiros possuam uma profundidade de aproximadamente 1,5 metros.
Ainda sobre o ambiente para a criação, é necessário manter a temperatura elevada, idealmente variando de 28ºC a 30ºC e os animais não suportam uma temperatura abaixo de 15ºC.
Além disso, o pH deve estar entre 7 e 9; a dureza, de 20 a 150 mg/l e a transparência, de 20 a 40 cm.
Finalmente, é válido salientar que essa atividade envolve alguns riscos, principalmente ambientais, podendo gerar poluição e causar desequilíbrios quando executada de maneira irresponsável, por isso também recomendamos a contratação de um profissional ou empresa especializada para auxiliá-lo pelo menos no início das atividades, dessa forma você conseguirá prevenir erros e evitar retrabalhos em sua produção.
E para finalizar…
Nós da iAqua esperamos que esse material tenha sido útil para você e, caso ainda reste alguma dúvida sobre esse assunto ou temas relacionados, fique à vontade para nos contactar! Ficaremos contentes em poder te ajudar!